Nutrição

Diferenças entre alergia e intolerância alimentar

Muitas pessoas confundem alergia e intolerância alimentar. Parecem, em um primeiro momento, apenas nomenclaturas diferentes para o mesmo problema, mas são distintos. A principal diferença entre alergia e intolerância alimentar é o tipo de resposta que o organismo tem quando entra em contato com alguma substância presente no alimento. Na alergia há uma resposta imunológica comumente mais imediata. Já na intolerância, a resposta do organismo, por não ser imunológica, normalmente é tardia. Entenda mais lendo o post a seguir.



Diferenças entre alergia e intolerância alimentar

Alergia alimentar

Testes cutâneos

Começando pela alergia alimentar. Trata-se de uma reação adversa a alguma substância presente no alimento, mas que envolve a produção de anticorpos.



Ou seja, o organismo combate uma substância do alimento ingerido como se ela fosse um agente agressor.

A resposta do corpo é, em geral, imediata ou precoce, ou seja, em até duas horas. E a reação é exagerada, mesmo em contato com quantidades mínimas do alimento.

Mas a alergia alimentar também pode se manifestar com sintomas subagudos ou crônicos, surgindo horas ou mesmo dias depois da ingestão. Isso dificulta o diagnóstico.

A substância alergênica é, no geral, uma ou mais proteínas presentes no alimento.



Alimentos frequentemente envolvidos nas alergias alimentares

Qualquer alimento pode desencadear reação alérgica, mas os principais causadores de alergia são:

  • Leite de vaca
  • Trigo
  • Ovo
  • Soja
  • Amendoim
  • Oleaginosas
  • Peixes
  • Crustáceos (camarão e lagosta, por exemplo)

O amendoim, os crustáceos, o leite de vaca e as oleaginosas são os alimentos que com maior frequência provocam reações graves (anafiláticas).

O leite de vaca engloba 20 proteínas potencialmente sensibilizantes.

Principais alimentos causadores de alergia alimentar.
Principais alimentos envolvidos nas alergias alimentares.

Mas esses não são os únicos alimentos envolvidos em alergias alimentares. As reações adversas aos conservantes, corantes e aditivos alimentares são raras, mas não devem ser menosprezadas.



Sintomas mais comuns das alergias

Os sintomas mais comuns de alergia envolvem:

  • A pele, apresentando urticária, inchaço, coceira e eczema
  • O trato gastrintestinal, exemplos diarreia ou prisão de ventre, dor abdominal, vômitos e enjoo
  • O sistema respiratório como tosse, rouquidão, chiado no peito e edema de glote
  • Os olhos, envolvendo irritações oculares como coceira e vermelhidão

Nas crianças pequenas podem ocorrer reações mais graves da alergia, como a perda de sangue nas fezes, o que vai ocasionar anemia e retardo no crescimento.

Mas manifestações mais intensas, acometendo vários órgãos simultaneamente, a chamada reação anafilática, também podem ocorrer em qualquer faixa etária.



A reação anafilática causada pela alergia alimentar

A reação anafilática é uma reação súbita e grave, que impõe socorro imediato por ser potencialmente fatal.

Ocorre a liberação maciça de substâncias químicas que vão determinar um quadro grave de resposta sistêmica.

Assim, na reação anafilática podem ocorrer diversos sintomas como coceira generalizada, inchaços, edema de glote, tosse, rouquidão, diarreia, dor na barriga, vômitos, aperto no peito com queda da pressão arterial, arritmias cardíacas e colapso vascular (choque anafilático).

No edema de glote o indivíduo não consegue respirar porque a válvula que controla a entrada de ar para os pulmões incha e não permite a passagem do ar. Dessa forma, se o paciente não for atendido a tempo vai acabar falecendo.



Quando a alergia pode ocorrer

Qualquer pessoa em qualquer fase da vida pode desenvolver alergia alimentar. Mas existem fatores de risco como a predisposição genética e a sensibilização precoce.

A importância da genética

A predisposição genética, entretanto, é um dos principais fatores para a alergia alimentar.

Estudos indicam que de 50 a 70% dos pacientes com alergia alimentar possuem história familiar de alergia. Assim, se o pai e a mãe apresentam alergia, a probabilidade de terem filhos alérgicos é de 75%.

Indivíduos com outras doenças alérgicas também apresentam maior incidência de alergia alimentar.

Perigos da sensibilização precoce

A sensibilização precoce, antes dos primeiros 3 anos de vida, é outro fator de risco para a ocorrências das alergias alimentares.

Dessa forma, deve-se evitar o início prematuro do consumo dos alimentos mais comumente envolvidos nas alergias alimentares.

Isso porque até os 3 anos, o trato gastrointestinal das crianças não se encontra totalmente desenvolvido (maduro) o que pode permitir a sensibilização do organismo.



As reações cruzadas

Os alimentos podem provocar reações cruzadas, ou seja, alimentos diferentes podem induzir respostas alérgicas semelhantes no mesmo indivíduo. Exemplo, o paciente alérgico ao camarão pode não tolerar outros crustáceos.

Igualmente, pacientes alérgicos ao amendoim, que é considerado uma leguminosa, podem também apresentar reação ao ingerir outras leguminosas como a soja, a ervilha ou feijões.

Veja também: como fazer o remolho do feijão para evitar gases e má digestão.



Como ler os rótulos

A leitura dos rótulos, com atenção para a lista de ingredientes é fundamental para evitar a ingestão acidental de proteínas que podem causar alergias.

Muitas vezes, os ingredientes ganham sinônimos, tornando mais difícil a identificação nas embalagens dos alimentos. Veja na lista abaixo:

AlimentosTermos relacionados – sinônimos
Leite de vacaCaseína, caseinato, lactose, proteína do soro, lactoalbumina, lactoglobulina, proteína hidrolisada, manteiga, queijo, creme de leite, lactulose, leite em pó, leite modificado e traços de leite.
OvoAlbumina, globulina, ovoalbumina, ovomucoide, ovomucina, ovo em pó, ovo liofilizado, maionese, merengue, marshmallow e macarrão com ovos.
SojaProteína vegetal texturizada, PTS, aromatizante natural e artificial, amido vegetal, shoyu, tofu, proteína hidrolisada de soja e lecitina de soja.
TrigoGlúten, farinha, maltose, maltodextrina, proteína vegetal, proteína de cereais e semolina.
Peixes e frutos do marCamarão, moluscos, lagosta, lagostin, proteína de peixe e traços de peixe.
AmendoimPasta de amendoim e óleo de amendoim.
CastanhasAmêndoas, gianduia, macadâmia, marzipã, nougat, pecan e pistache.

Intolerância alimentar

Mãos na barriga
Na intolerância alimentar não ocorre a participação do sistema imunológico.

Contudo, o organismo, normalmente pela não produção de certas enzimas digestivas, fica sem a capacidade para digerir e absorver algum componente do alimento, fazendo com que ele se acumule no intestino. Esse acúmulo é o responsável por diversos sintomas.



A intolerância alimentar também pode ser causada pela produção insuficiente de enzimas digestivas pelo organismo. Nesse caso, os sintomas são menos intensos, o que pode dificultar o diagnóstico.

O exemplo mais comum é a intolerância a lactose, açúcar presente no leite. O intestino dos intolerantes não produz ou produz quantidades insuficientes da enzima lactase, necessária para a digestão da lactose.

Como resultado da não digestão da lactose, esse carboidrato segue intacto para o intestino grosso onde é fermentado pelas bactérias intestinais, produzindo gases e ácido lático.

Os gases causam distensão abdominal e dores, já o ácido lático irrita a mucosa intestinal resultando em diarreia.

Os sintomas na intolerância alimentar tendem a aparecer mais tardiamente, podendo demorar mais de 2 horas e até dias para surgirem.

Mas diferentemente da alergia, que precisa de quantidades mínimas para ocorrer, na intolerância alimentar os sintomas são mais graves quanto maior for a quantidade de alimento ingerido.



Sintomas da intolerância alimentar

Assim, a substância não digerida pode provocar sintomas como:

  • Dor abdominal
  • Gases
  • Diarreia ou prisão de ventre
  • Enjoo 
  • Vômito



Tratamento nutricional

Apesar das diferenças, muitas vezes as manifestações da intolerância e da alergia alimentar se confundem. Mas não importa se é alergia ou intolerância alimentar, em caso de suspeita, procure um médico para ter diagnóstico e tratamento corretos.
Alergia e intolerância alimentar
Tanto na alergia como na intolerância alimentar o tratamento nutricional consiste em retirar da alimentação o ou os alimentos responsáveis. Não se esqueça também de todas as receitas que são preparadas com eles.



No caso de intolerância a lactose, entretanto, já existem no mercado alimentos isentos desse açúcar. Nesse caso a indústria acrescenta a enzima lactase ao alimento.

Há também a possibilidade de ingerir a lactase (a enzima), tanto na forma de comprimidos como em pó. A ingestão deve ser feita logo após ou imediatamente antes de ingerir alimentos contendo lactose.

Você descobriu que tem intolerância a lactose? Então, veja clicando aqui como garantir a ingestão de cálcio, mesmo sem consumir leite e derivados.



Prevenção

Algumas orientações devem ser dadas aos pais dos recém-nascidos para evitar o desenvolvimento de alergia através da sensibilização precoce das crianças.

A principal delas é o estímulo ao aleitamento materno no primeiro ano de vida, exclusivo até os 6 meses.

Para tentar prevenir alergias e intolerâncias alimentares, contudo, evite a monotonia alimentar. Dessa forma, tenha uma alimentação a mais variada possível.



Então, consuma sempre frutas, verduras e legumes coloridos, pois são importantes fontes de vitaminas. Estas são indispensáveis para que organismo funcione adequadamente.

Dessa forma, você estará se nutrindo melhor, oferendo ao seu organismo uma gama variada de nutrientes, e evitando a sensibilização pelo excesso de consumo.

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Enfim, é isso. Espero que tenha ajudado a esclarecer. Mas qualquer dúvida, estou a disposição.

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