Muito tem se falado sobre o óleo de coco, ora como mocinho, ora como vilão. Mas será que há motivos para temer o consumo do produto que faz parte da alimentação de muitas populações mundiais há milênios?
Por outro lado, será que se justifica o consumo de grande quantidade do produto para ter boa saúde e até mesmo para emagrecer? Veja o que dizem as pesquisas e tire as suas próprias conclusões.
Óleo de coco: presente na alimentação há milênios
Ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, o óleo de coco não é um produto novo no mercado.
Na Índia, por exemplo, o óleo de coco vem sendo utilizado há pelo menos 4.000 anos na medicina popular, devido as propriedades anti-hemorrágicas e antimicrobianas que são atribuídas ao produto.
Nos EUA e aqui no Brasil o óleo de coco já foi uma das principais gorduras usadas no preparo de alimentos, juntamente com a banha de porco e a manteiga, até o meado do século XX, quando a indústria passou a produzir os óleos vegetais refinados.
Só para ter uma ideia, o coqueiro, originário do Sudeste Asiático, foi introduzido no Brasil no ano de 1553. Atualmente os maiores produtores estão localizados no nordeste do país onde a planta se adaptou muito bem.
Grande produtores mundiais do óleo de coco são as Filipinas, seguidas da Indonésia e da Índia, que exportam a maior parte da sua produção para os EUA e a União Europeia. O Brasil conta com uma relativamente pequena, mas crescente produção.
Tipos: nem todos são iguais
Existem três tipos de óleo de coco: o denominado comercial, o virgem e o extra virgem.
- O óleo de coco comercial, que é produzido a partir da polpa de coco desidratada, é refinado e desodorizado, apresenta coloração amarela, sabor levemente salgado e é praticamente sem odor.
- O óleo de coco virgem é obtido a partir da polpa fresca e madura do fruto, por meios mecânicos, com ou sem o uso de calor, mas isento de refino químico.
- Já o óleo de coco extra virgem é obtido por prensagem a frio, sendo que a temperatura não deve exceder os 39o C.
Ou seja, os óleos de coco virgem e extra virgem são produzidos em meio aquoso sem o uso de solventes, são incolores e apresentam cheiro de coco. Mas só o tipo extra virgem, por ser extraído apenas a frio, mantém todas as suas propriedades.
Como a extração do óleo de coco extra virgem não é muito eficiente em termos de rendimento, o interesse comercial de grandes empresas na sua extração é baixo.
A produção do óleo de coco vem predominantemente de cooperativas que extraem o produto de forma artesanal, empregando mais mão-de-obra e levando um maior tempo de produção, justificando em parte o seu alto valor no mercado brasileiro.
Composição química do óleo de coco
O óleo de coco extra virgem possui grande quantidade de ácidos graxos saturados (mais de 80%), mas possui também ácidos graxos insaturados.
Os ácidos graxos saturados presentes no óleo de coco são: capróico, caprílico, cáprico, láurico, mirístico, palmítico e esteárico; e os insaturados são o oleico e o linoleico.
Ácidos graxos de cadeia média
Há contudo, o predomínio do ácido graxo láurico, com até 53% do total de ácidos graxos saturados. O ácido graxo láurico é um ácido graxo de cadeia média (AGCM).
Os AGCM são rapidamente absorvidos no intestino, ao contrário dos ácidos graxos de cadeia longa (AGCL) presentes nos óleos vegetais, como o de soja, milho e canola.
Os AGCM são transportados pela veia porta para o fígado, onde são rapidamente oxidados, gerando energia. Ao contrário dos AGCL, os AGCM não tendem a serem estocados no tecido adiposo.
Outros compostos
Além dos ácidos graxos saturados, o óleo de coco extraído a frio também contém constituintes que apresentam atividade funcional antioxidante, como os compostos fenólicos, a vitamina E e o betacaroteno.
Entre os compostos fenólicos estão os ácidos gálico, vanílico, p-cumarínico e clorogênico, a epicatequina e a catequina.
No entanto, durante a produção do óleo de coco que não é extra virgem, devido a ação do calor, esses antioxidantes são eliminados. A vitamina E é inativada e os ácidos graxos insaturados são oxidados, reduzindo drasticamente seus benefícios à saúde.
Embora as características químicas do óleo de coco façam com que ele se apresente líquido em temperaturas ambientes mais elevadas, geralmente superiores a 25o C, ele tende a se solidificar em temperaturas mais baixas.
Novas pesquisas apontam para mudanças nas recomendações nutricionais
Com as novas pesquisas que vêm mostrando os riscos a saúde do excesso do consumo de ácidos graxos ômega 6 na alimentação ocidental, o uso dos óleos vegetais refinados riquíssimos nesse elemento, vem sendo aos poucos desencorajado. Estou falando, pasmem, dos óleos de milho, soja, girassol e canola.
Outras fontes de gordura têm sido, então, reintroduzidas na alimentação, como é o caso do óleo de coco, da manteiga e da banha de porco. Sim, você leu certo!
O azeite extra virgem, rico em gorduras monoinsaturadas, é o único tipo de óleo vegetal que tem 100% de aprovação pela comunidade científica mundial.
Efeitos cardiovasculares do óleo de coco
Estudos epidemiológicos foram publicados recentemente sobre os efeitos do consumo de óleo de coco sobre os fatores de risco cardiovascular em humanos.
De modo geral, o consumo do óleo de coco resultou em aumento do colesterol total, apontando aumentos do LDL (chamado de mau colesterol), mas ainda mais do HDL (conhecido como bom colesterol), em relação aos óleos vegetais usados na comparação.
De forma simplificada, enquanto o LDL colesterol se deposita nas artérias, o HDL passa recolhendo esse colesterol ruim.
Além disso, o fato de o óleo de coco ser uma gordura saturada não é em si um problema.
É importante frisar que, apesar de muitos profissionais dizerem o contrário, NÃO EXISTE consenso que associe a gordura saturada e a mortalidade. Segundo a maioria dos estudos, nem sequer existe associação com doença cardiovascular ou outras patologias associadas.
E mais, o óleo de coco extra virgem é rico em antioxidantes, conforme já comentei. Isso é altamente desejável, pois protege da oxidação do LDL, fator altamente inflamatório e relacionado com alto risco de doença cardiovascular.
O consumo de óleo de coco extra virgem também mostrou diminuição dos níveis séricos de triglicerídeos em comparação com os outros tipos de óleos vegetais refinados.
O óleo de coco pode ser usado em frituras?
O óleo de coco apresenta estabilidade culinária, pois é resistente à oxidação e à polimerização, por isso, pode ser usado em frituras de imersão.
Contudo, como outros óleos vegetais não deve ser reutilizado, devido ao seu baixo ponto de fumaça (temperatura em que há produção de fumaça tóxica).
O superaquecimento resultante de várias frituras pode levar à produção de substâncias potencialmente carcinogênicas (causadoras de câncer).
Esse óleo emagrece?
Até agora não há nenhuma pesquisa que comprove os benefícios do óleo de coco para a perda de peso.
Como qualquer outro tipo de gordura, fornece 9 kcal por grama, sendo assim, se você quer manter sob controle o total de calorias consumidas, convém não exagerar.
Mas use o óleo de coco extra virgem com moderação para não comprometer a sua dieta de perda de peso.
E ainda garante o consumo de ácidos graxos essenciais e antioxidantes e a absorção das vitaminas lipossolúveis presentes nos alimentos.
Pode, portanto, ser um ótimo substituto dos óleos vegetais refinados.
Usar o óleo de coco extra virgem na alimentação, em pequenas porções, assim como a manteiga, já vem sendo recomendado por muitos profissionais sérios e conceituados tanto no exterior como no Brasil.
Definitivamente em Nutrição tudo pode mudar, afinal, não é uma ciência exata, não é mesmo?!
Mas convém não abusar! Nada em excesso é bom, nem água!
Outros possíveis benefícios do produto
Pesquisadores estão em busca de provas dos benefícios do óleo de coco no tratamento da artrite, na proteção hepática durante a quimioterapia e para tratamento e reversão do mal de Alzheimer. Mas ainda não há nada concreto para se fazer qualquer afirmação.
Para a pele
Já está comprovado que o óleo ou gordura de coco é ótimo hidratante para a pele e cabelos, com efeitos antissépticos e nutritivos. Use e comprove!
Onde comprar
Atualmente é possível encontrar esse produto a venda até nos supermercados e lojas de bairro de produtos naturais.
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